Se em vez de eliminar um gargalo, o do sistema de ferry boat, a ponte criar outro entre a capital e a Ilha, a conta sobrará para os cofres do estado. Por Jairo Costa Júnior
Publicado no Correio*
A Ponte Salvador-Itaparica, obra que o governo Rui Costa (PT) pretende usar como vitrine na disputa de 2022, criará uma barreira permanente para o crescimento do setor portuário na Baía de Todos os Santos. Segundo apurou a Satélite, as dimensões do vão central, tanto em altura quanto em largura, impedirão a passagem dos navios de carga mais modernos, cada vez maiores, e embarcações da indústria petroleira, como plataformas e sondas. O projeto definitivo da ponte é visto entre companhias do setor como a pá de cal no processo de expansão dos portos de Salvador e Aratu, além de sepultar a eventual retomada do Estaleiro Paraguaçu.
Encurta que dá
A princípio, o projeto anterior previa medidas muito acima no vão central. Mas o consórcio chinês responsável pela ponte apontou defasagem orçamentária e se negou a bancar a diferença. Para escapar da conta extra e convencer os chineses a arrematar a concessão, a solução encontrada pelo governo foi reduzir o tamanho da obra.
Tipo 'fila do Ferry'
Fora os prejuízos futuros à atividade portuária baiana, uma lacuna pode limitar a capacidade da ponte de se consolidar como principal ligação entre Salvador e a BR-101, através da Ilha de Itaparica. Até o momento, não existe qualquer sinal de quando e se haverá a duplicação da Ponte do Funil e do trecho da BA-001 que se conecta à 101 nos limites de Santo Antônio de Jesus. Os chineses estão obrigados a construir apenas a via expressa projetada para escoar o fluxo que chegará ou sairá da ponte pela Ilha. Sem Funil e BA duplicadas, serão comuns colapsos no tráfego por causa do aumento da demanda.
Negócio da China
Se em vez de eliminar um gargalo, o do sistema de ferry boat, a ponte criar outro entre a capital e a Ilha, a conta sobrará para os cofres do estado. Por efeito direto, para o bolso do contribuinte baiano. Como se sabe, os chineses só aceitaram a concessão com a garantia do governo de cobrir eventuais prejuízos pelo movimento de veículos abaixo do previsto em contrato. Enquanto o acesso à BR-101 não sair do papel, a circulação na ponte será insuficiente para que o negócio se sustente sem depender de verbas públicas.
Suspeita geral
O vazamento do acordo de delação firmado pela desembargadora Sandra Inês Moraes Rusciolelli com a Faroste criou um clima de desconfiança entre advogados de alvos da operação. Embora tenha sido homologado há quatro meses pelo relator do caso no STJ, ministro Og Fernandes, o conteúdo do acordo foi noticiado pela imprensa sexta passada, justamente após Fernandes liberar o acesso da defesa de todos os réus ao documento de 600 páginas. Quem vazou e qual o objetivo é o enigma.
Nem vem!
O governador Rui Costa detectou uma ofensiva interna para fritar o secretário de Segurança Pública, Ricardo Mandarino. A interlocutores próximos, o petista deixou claro que sabe quem colocou a isca no anzol, mas que não vai mordê-la e ponto final.
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