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Polêmicas contemporâneas

Atualizado: 15 de jun. de 2021

Um empreendimento dessa monta e que deverá atravessar varias administrações deveria ser um projeto de estado pactuado com todos os setores da sociedade, e não uma iniciativa decidida no isolamento de um gabinete governamental, ao soar do apito. Por Paulo Ormindo

Publicado no Jornal A Tarde (14/06/13) e disponível no site do autor.

Com o titulo acima, o Prof. Nelson Pretto realiza, há anos, na UFBA um seminário sobre temas palpitantes. Participei no ultimo dia 10, de mais uma edição, conjuntamente com o titular da Seplan, Prof. José Sergio Gabrielli, do Eng. Renato Cunha, diretor do Gambá e do Arq. e Urb. Carl von Hauenschild. A bola da vez foi: “Recôncavo via Ilha de Itaparica, a ponte em discussão”. Cada um dos convidados expôs suas posições e em seguida foi aberta a discussão com o público. A posição do secretário, de blindagem irretocável da ponte, é bem conhecida. A minha de atualização da proposta do Arq. Sergio Bernardes para o Centro Industrial de Aratu, com a inclusão de trilhos em seu tronco principal e uma alça de acesso à ilha, é também conhecida. Renato lamentou a tomada de decisão antes da avaliação da sustentabilidade do projeto e o prazo curtíssimo, seis meses, para a realização de estudos de impactos ambientais, socioeconômicos e urbanísticos. Enfatizou ainda que a BTS é uma APA e que o comportamento das marés, correntes marítimas e vida aquática requer, minimamente, a observação durante um ano. Carl chamou a atenção para a falta de articulação de vários projetos que estão sendo realizado da Baia de Todos os Santos e na Região Metropolitana de salvador, como estaleiros em São Roque do Paraguaçu, estação de regaseificação em meio à baia, duplicação da área do CIA, instalação de rede de metrô e a falta de metas do Estado. Questões semelhantes haviam sido discutidas em seminários realizados na UNEB e UCSAL por professores e o público presente. A Associação Comercial da Bahia defendem a inclusão da BTS na Associação das Mais Belas Baias do Mundo, que já reúne 30 grandes enseadas, e defende o desenvolvimento sustentável das mesmas. Associações comunitárias, como “A cidade também é nossa” e “Vozes de Salvador” já se manifestaram na mesma linha. Estas são questões que estão sendo debatidas também nos jornais, rádios e TVs e circulam nas redes sociais. Destaco as manifestações em contrario do ex-prefeito Mario Kertsz e do ex-secretario de planejamento de Salvador, Manoel Lourenzo, do Arq. e Urb. Fernando Peixoto, no IGHB, e do Econ. Fernando Alcoforado, em seu blog, intitulada “O Projeto da Ponte Salvador-Itaparica: exemplo de incapacidade gerencial e de oportunismo politico do Governo da Bahia”. O que não se vê é apoio à ponte. No dia imediato a tão elevado debate, me deparo com um irado artigo do secretario Gabrielli neste jornal em que me acusa de “pretensa onisciência” e atribui a mim posições que nunca defendi, como a duplicação da BR-324 e ser contrario à realização de “análises profundas e planejamento detalhado” para construção da ponte. Pelo contrario, lamento o não exame pelo Estado de alternativas como as de Sergio Bernardes, as desenvolvidas pela Conder e propostas pela Arq. Ângela Gordilho e Eng. José Luiz Souza e pelo Arq. e Urb. Lourenço Valadares. Critico o que Carl bem chamou de “planejamento chapa branca”, aquele que um governante decide intempestivamente e depois contrata apressadamente estudos para justificar a decisão tomada. Nunca pus em duvida a legitimidade do regime representativo, senão a dificuldade do atual governo de ouvir a comunidade e os técnicos. Recordo que no inicio da atual administração, as associações profissionais e movimentos sociais foram ao Governador e entregaram um documento pedindo o planejamento da RMS, oferecendo assessoria para projetos de grande impacto ambiental e socioeconômico e sugerindo transformar a FLEM em um núcleo de pensamento estratégico e formação de quadros, como ocorre em outros estados. Infelizmente nada foi feito. O que ficou claro nos seminários citados, é que independente da preferencia de cada um, todos entendem que um empreendimento dessa monta e que deverá atravessar varias administrações deveria ser um projeto de estado pactuado com todos os setores da sociedade, e não uma iniciativa decidida no isolamento de um gabinete governamental, ao soar do apito. Especialmente porque, sem os recursos assegurados poderemos ter mais uma transposição do São Francisco sem água ou um metrô enferrujando nos galpões.


SSA: A Tarde, 14/06/13 OS - Treplica ao artigo de J.S. Gabrielli em A Tarde de 11/06/13, sob o título “Quem é o déspota esclarecido?

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