JÔ PEREIRA
- ObMob Salvador
- 24 de set.
- 2 min de leitura
Eu sou Jô Pereira, eu sou Pedal Na Quebrada, eu sou Ciclocidade, eu sou UCB, eu sou Mãe Preta, eu sou uma artista preta, eu sou uma militante pela vivência, pela vida, e esse nosso encontro de mobilidade antirracista trouxe pra mim um suspiro,. não é nem de esperança, um suspiro de ação, de que a gente precisa ter mais e mais dentro das pautas que a gente se propõe, que a gente se propõe e faz dentro de cada um na suas competências, seja dentro da academia, seja na gestão pública, seja na sociedade civil organizada, seja na simples escuta.
Foi um evento denso, muito denso, e não denso só em relação à quantidade de informações que foram sendo transmitidas e até que se sobrepõe uma na outra e se confluem, mas também denso emocionalmente falando, porque a gente está falando de vida, a gente está falando de vidas que ainda não são tratadas como pessoas de direito, ainda não são tratadas dentro do artigo 6º da Constituição, com seus direitos realmente validados de saúde, de educação, de transporte, de lazer, de acessos.
Então, quando a gente se reúne num grupo tão diverso e tão grande ainda eu sinto falta das pessoas que ainda não estão sendo escutadas, que as vozes ainda não ecoam e não é nesse lugar de dar voz, mas é num lugar de abrir escuta. Então eu penso, uma das sugestões que eu penso dentro de um evento como esse, a gente descentralizar os espaços porque ainda há muitas pessoas e muitos de nós dentro da negritude que não se sente convidado a entrar numa universidade, que não se sente convidado a entrar numa câmara, que não se sente convidado a estar entre pessoas que são vistas como as especialistas, as doutoras, as mestras de um assunto.
A gente voltar, e essa é bastante a minha ação dentro da minha militância, a gente voltar para esse lugar da escuta dentro dos... eu vou colocar entre aspas essa palavra, mas nesse sentido, dentro dos “terreiros”, dentro dos “quintais” das pessoas, a gente trazer as pessoas que estão aí no dia a dia e que o tempo delas é um tempo extremamente valioso porque ele está completamente vendido e sugado pelo capital selvagem e que elas precisam ser escutadas, a gente entrar nas frestas para que com isso também a gente traga para uma semana como essa que a gente sai tão afetado os afetos para a nossa mesa.
Eu sempre vou falar disso, eu sempre vou falar de afeto. A nossa cultura negra é uma cultura de afetos, é uma cultura de acolhimento, é uma cultura de coletividade, uma cultura de comunidade e a gente só fortalece realmente uma comunidade quando a gente escuta todas as pessoas dessa comunidade.





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