O projeto do VLT ainda prevê, com investimento adicional, sua extensão num trajeto que ligará a região da Baixa do Fiscal ao metrô do Retiro (integração física).
Publicado no Jornal Grande Bahia

A definição do Monotrilho como vencedor da licitação do VLT do Subúrbio de Salvador foi uma das bases do questionamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE Bahia), que suspendeu, temporariamente, o andamento da Parceria Público Privada (PPP) da concessão do VLT. A medida cautelar, proposta através de uma decisão monocrática, não teve o seu mérito analisado pelo Tribunal.
De acordo com o secretário estadual da Casa Civil, Bruno Dauster, “existem vários modelos de VLT, ou seja, de Veículos Leves de Transporte. No Brasil, ao traduzir-se o conteúdo da sigla VLT, adotou-se a denominação de Veículos Leves sobre Trilhos”. Alguns destes veículos usam pneus, outros usam rodas metálicas, outros – até – podem levitar magneticamente. Da mesma forma, alguns usam trilhos de aço, outros guias de madeira e, outros mais, estruturas de concreto para fazer o seu direcionamento. Podem usar, também, energia elétrica ou motores a diesel para sua propulsão.
Do ponto de vista técnico, o que define um VLT não é o tipo de energia que utiliza, nem o seu suporte ou a forma que é tracionado. O que permite classificar um tipo de veículo como VLT é a quantidade de passageiros que ele pode transportar. “É VLT até a faixa de 300 mil passageiros/dia, menor que o previsto para um sistema de transporte pesado, como por exemplo o metro, que pode transportar 800 mil passageiros/dia”, explica Dauster.
Entre os vários tipos de VLT, pode-se destacar o bonde, o ônibus moderno sobre trilhos, e, até, o metrô leve, entre outros diversos modelos, incluindo o monotrilho. “A literatura especializada internacional e várias instituições nacionais e internacionais, a exemplo da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos) e a Monorail Society, definem o monotrilho como VLT ”, afirma o chefe da Casa Civil.
A medida cautelar do TCE, também, questionou a possibilidade do valor da contraprestação, que é a principal forma do Estado pagar – no período da concessão – o investimento do concessionário, estar superavaliada. Na licitação, a contraprestação estabelecida foi de R$ 153 milhões por ano, baseada em um custo médio de investimento e operação igual ao custo médio de outros sistemas de VLT implantados no Brasil. O investimento para implantação do VLT do Subúrbio é de R$ 1,5 bilhão.
Outro argumento utilizado foi um suposto desvio da garantia de garantia do volume mínimo de passageiros/ano na licitação. A Cautelar argui que a garantia estaria sendo dada sobre a capacidade de passageiros transportados no monotrilho, que pode chegar a ser duas vezes a capacidade do VLT tradicional. “É importante dizer que a garantia de tráfego não foi feita sobre a capacidade do veículo, e sim sobre demanda de passageiros, que atualmente, como declarado no edital, é de 8 mil em horário de pico no trecho Ilha de São João/Comércio. Não existe, contratualmente, a possibilidade deste desvio ocorrer”, destaca Dauster.
O secretário acrescenta que “com a expansão do VLT na segunda etapa, da Baixa do Fiscal até o Retiro, haverá um novo investimento pelo concessionário e o reequilíbrio contratual será feito conforme previsto no edital”. No Retiro, haverá a integração física com o metrô, com um significativo aumento do volume de passageiros.
O Governo do Estado não recebeu notificação oficial. Por isso, ainda não tem o direito de apresentar o contraditório de defesa. A Procuradoria Geral do Estado (PGE) e a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano (Sedur), órgão responsável pelo processo licitatório, apresentarão, oportunamente, os esclarecimentos cabíveis e a defesa do monotrilho.
VLT concebido pelo Governo Rui Costa
A construção e operação do VLT do Subúrbio de Salvador prevê um modal metropolitano do tipo monotrilho elevado, que vai ligar a região do Comércio de Salvador até a Ilha de São João, no município de Simões Filho. Com propulsão elétrica, sem emissão de agentes poluentes que prejudicam o meio ambiente, o VLT será equipado com ar-condicionado e wi-fi.
Com cerca de 20 km de extensão, 22 estações, o VLT, que substituirá o atual trem do Subúrbio, será integrado física e tarifariamente ao sistema de metrô e de ônibus. O monotrilho fará todo o trajeto em cerca de 35 minutos, sendo capaz de transportar 200 mil passageiros por dia.
O projeto do VLT ainda prevê, com investimento adicional, sua extensão num trajeto que ligará a região da Baixa do Fiscal ao metrô do Retiro (integração física), beneficiando também toda população dos bairros no entorno da San Martin.
A implantação do VLT significa levar para a população da região do Subúrbio Ferroviário a qualidade de um transporte seguro, rápido e confortável. E para garantir a menor tarifa possível, a modicidade tarifária, o sistema será subsidiado pelo Estado, da mesma forma como acontece hoje com o metrô.
“Com o VLT, daremos ao Subúrbio Ferroviário um sistema de transporte de massa moderno, com a qualidade e a confiabilidade que o povo dessa região merece. É uma prova de respeito pela população suburbana que passará a estar integrada, pela primeira vez, de forma eficiente e confortável ao sistema de transporte coletivo de Salvador”, garante o chefe da Casa Civil.
Comparações entre Monotrilho e VLT
VLT
Acessibilidade: piso baixo, ao nível da rua, facilitando o acesso dos passageiros em geral e garantindo o acesso de pessoas com locomoção reduzida.
Referências: o VLT, assim como o metrô, é um meio de transporte consolidado para utilização em cidades de demanda. Há referências em todo o mundo(como Brasília).
Segurança: em caso de acidente, o socorro chega normalmente, na rua. Novas estações podem ser adicionadas facilmente. O reparo é feito normalmente. Fácil integração com outros sistemas (está na altura da rua, onde os outros meios estão).
VLT – utiliza somente energia elétrica, limpa e renovável
VLT: harmoniza com a urbanização: possibilidade de não utilização de catenária, que se adequa a cidades tombadas. (alimentação pelo solo e baterias)
Monotrilho
Estações dificultam acesso: a via é segmentada, portanto é necessário ter uma estação, dificultando a acessibilidade.
Sistema pouco aceito para o transporte de massa: é mais comum em parques de diversão ou cidades turísticas. Na Europa é pouco aceito para transporte de massa, por questões de segurança.
Segurança: em caso de emergência, a evacuação é difícil, especialmente se o trem estiver cheio (transporte de massa). Há ainda o risco de carros e veículos maiores se chocarem contra as colunas de sustentação, comprometendo a estrutura.
Dada a infraestrutura mais complexa, há dificuldade de implementar novas estações. Até mesmo o reparo estrutural é complicado.
Integração mais difícil com outros sistemas (metrô é subterrâneo, ônibus são na altura da rua, o monotrilho é alto).
Monotrilho usa pneus (para o rolamento e nas laterais da viga) – gasto maior de manutenção e consome borracha, que gera poluição.
Compromete a urbanização: estações altas não se adequam a cidades tombadas.
Custa aproximadamente 70% mais caro que um VLT (média de mercado, pois o projeto depende muito de cada cidade).
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