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Motocicletas e precarização

Atualizado: 20 de jan. de 2022

Em 2021, houve um notável aumento da quantidade de motocicletas em Salvador, e também troca de automóveis por esse e outro modal de duas rodas, a bike. Por Janete Maura Trindade Moreira*

Manifestação deixou trânsito congestionado nos dois sentidos da avenida — Foto: Rildo Araújo/TV Bahia

Em 2021, houve um notável aumento da quantidade de motocicletas em Salvador, e também troca de automóveis por esse e outro modal de duas rodas, a bike.


Só no primeiro semestre deste ano, foram quase 40 mil emplacamentos de motos na Bahia, aumento de cerca de 20% em relação ao mesmo período do ano passado, e concomitantemente o aumento de sinistros envolvendo motos, principalmente entre os mais jovens.


E o que torna esse aumento das motocicletas evidente é a mudança da paisagem das vias soteropolitanas, com as idas e vindas das pessoas que estão com mochilas de aplicativos de delivery, ou os coletes característicos de mototáxis. Tudo isso certamente potencializado pela pandemia, altas taxas de desemprego, precarização da mão de obra e a necessidade de um veículo de locomoção mais rápido/econômico.


Por isso, quando há a ausência de empregos formais, as pessoas acabam buscando por alternativas para conseguir uma renda e se deixam levar por certos tipos de atividades laborais que remetem a antes da Revolução Industrial, quando se trabalhava mais de 10 horas por dia para conseguir o sustento, sem regulação ou proteção, e que era tido como algo normal. Estamos sob uma nova era de precarização do trabalho.


Outro fator importante de salientar é a precarização do transporte público, porque a partir do momento que se incentiva a compra de motos, consequentemente vai diminuir a quantidade de usuários do transporte público e com isso ele acaba tornando-se defasado, e com certo tempo deixado de lado, já que a prioridade dos gestores são os transportes individuais.


Deste modo, principalmente com as altas taxas de desemprego e a precarização das condições de trabalho, os trabalhadores acabam optando por empregos informais com condições precárias, que muitas vezes custam-lhe muitas horas por dia. Isso tem sido acelerado pelo trabalho em plataformas digitais, que quando em crises econômicas, terá uma procura cada vez maior.


*Janete Maura é uma das colaboradores do ObMob Salvador. Veja mais informações sobre ela e demais participantes do projeto na seção Quem Somos.

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